Perfeição?

Depois das minhas aulas de TV e de Administração, decidi que vou escrever mais. Pra quem sabe um dia escrever melhor... ou pelo menos pra conseguir passar, com clareza, pro papel (seja ele físico ou virtual) tudo o que as minhocas da minha cabeça pensam.

Vou começar com uma história antiga que foi a encorajadora de escolher esse domínio para o blog. Sete retalhos... Bom, o sete é um caso de amor pessoal com esse algarismo, e não deixa de ser uma forma de deixar tudo mais particular. Mas os retalhos...

Era uma vez, em meados de 2007, uma garotinha que resolveu tentar a sorte na faculdade e se matriculou em uma cadeira chamada “Laboratório de Criatividade”. Lógico que essa garotinha era eu. A mesma cadeira que me incentivou a fazer o curso de PP, serviu como um tratamento psicológico, logo no primeiro trabalho prático. Se escrever expõe, ter idéias, executar, apresentar e defender, com certeza expõe muito mais!

“Anúncio Próprio” era o título do trabalho. Sim, se você fosse se vender para alguém, o que deixaria à mostra? Qual defeito, qual qualidade? Parece loucura mostrar defeitos, não é? Bom, o anúncio de uma das minhas colegas era uma “rosa murcha”... ela disse que isso a retratava bem! Estranho... Bom, aí começou uma imensa viagem em cores, estilos, pensamentos. Pesquisar sobre si mesmo é não só interessante como deixa um saldo positivo pra caramba!

Comecei a produção do layout indo a uma loja de tecidos e comprando tudo o que eu achava de mais colorido por lá... Tecidos, texturas, cores, listras, bolinhas, corações, fitas. O material todo parecia perfeito... ...para uma roupa caipira, quem sabe. No meio de tanta opção, alguma delas daria corpo, e de preferência um corpo bonito, a uma idéia que eu nem tinha ainda.

Em casa, à montagem! Aquele monte de material descombinado entre si foi cortado, colado, moldado... e pouco a pouco eu tive uma moldura bem diferente de qualquer idéia inicial, o que não é ruim, afinal, quase nada sai do jeito que imaginamos! Aquele “quadro do fiasco” ainda precisava de uma frase e uma assinatura. Mergulhando mais um pouco na memória e nos processos de “construção de caráter” dessa vida, lembrei de frustrações infantis. E elas merecem um parágrafo próprio:

(Quando eu era menor...) Nunca fui a melhor na escola, sempre ia bem, mas nunca fui a melhor. Minha irmã sempre teve as melhores notas do mundo! Nunca desenhei bem (ou não o quanto gostaria), meus desenhos sempre ficavam tortos, desformes. Não me dava bem com os lápis de cor, degradês eram coisas que, pra mim, só existiam com perfeição no Word Art. Enquanto a Veri (irmã) tinha desenhos que eram a síntese da perfeição. Quase fotografias! Ela sempre teve riscos lindos, sempre soube lidar com cada nuance muito bem, de modo que cada cor ficasse em seu lugar ocupando o seu espaço e enchendo os desenhos de harmonia. E por fim, sempre me achei um patinho feio, desajeitada enquanto a mana sempre foi uma princesinha. Então, a vida passou, eu me interessei (mais) por publicidade, por desenho e por cores... a vida passou mais um pouco e eu comecei a trabalhar com isso. O certo “tabu” que eu tinha com os meus desenhos teve que ser rompido. Se eu não sabia fazer retratos manualmente com papel e carvão, como fazia a Veri, eu tinha que encontrar uma maneira minha de retratar o que eu precisava.

Aos poucos, fui me descobrindo. Fui descobrindo que meus “desenhos tortos e desformes” podiam parecer monstros para mamãe e papai. Podiam ser mutantes para a Veri. Mas pra muita gente por aí, incluindo a mim mesma, seriam os meus monstrinhos queridos e cheios de personalidade. Passei a valorizar aquele “feio bonito” que, vejam só, agora viraria moda com toyarts e pinturas malucas... Não escondo de ninguém que AMO toyarts e todos esses tipos de monstro, me identifico.

A vida passou ainda mais, e foi mostrando o real significado de perfeição. Perfeição é chata. Se tudo fosse perfeito, como nos utóóóópicos pensamentos, a vida teria um tanto menos de emoção. E emoções, sendo boas ou ruins, felizes ou tristes, são necessárias! Diariamente (ontem inclusive) tenho provas de que perfeição não funciona!
=P

A chamada que “me venderia” estava escolhida: “Perfeição nenhuma nos faz sentir vivos.” Ao lado, uma das minhas menininhas-monstro, que só se sabe que é uma menina pelo senso comum, mas se considerarmos a imagem real de uma garota, a minha está loonge de ser um ser humano! Em baixo, “Lula”, claro. Amo meu nome (Laura), muito... mas apelidos acabam sendo mais simpáticos.

Juntando frase e fundo+moldura.. Deu nisso:














Ah, claro, faltou achar uma explicação pra tantas cores e estampas e texturas e laços e fitas. Essa é fácil. Eu sou uma colcha de retalhos! Ou um anúncio de retalhos. Ou uma boneca (óó) de retalhos! Minha personalidade só é personalidade pelo motivo de existir dezenas de pessoas importantes perto de mim que me mostraram do que gostar ou do que detestar. Tenho um pouco de Foo Fighters, de Kleiton e Kledir, de Teatro Mágico, de Killers, de Beatles, de Zeca Pagodinho, de Demônios da Garoa, de Zeca Baleiro, de Mr Big e de Sister Hazel. Tenho um pouco de casa, e um monte de rua. Tenho um pedaço aqui, outro nos EUA, e um milhão deles no Bairro Cruzeiro. Tenho um pouco de trabalho, um pouco de festa. Um pouco de música, um pouco de arte. Um pouco de churrasco, um pouco de pizza, um pouco de pipoca. Um pouco de filme, um pouco de show. Um pouco de Dogville, um pouco de Crepúsculo (ou de In-to the Wiiillldd, pra melhorar minha reputação =P). É tudo tão diferente, tão extremo, que vendo de longe, jamais conseguiria achar uma explicação pra tudo isso combinar tão bem. Mas quando junta tudo, vira isso. Vira “eu”. Quanto mais gente eu conheço, mais retalhos eu recolho e distribuo, e costurando vai acabar em um super fuxico colorido!

E esse foi meu trabalhinho. Acho que um dos que eu mais tenho orgulho na minha vida acadêmica. Um dos mais difíceis de apresentar, desses que a voz treme e o olho enche de lágrima! Me expus, perdi o 50% do medo de exposição e o melhor: fiz amigos. Rá!

Todo mundo que é meu amigo já deve ter ouvido essa história inúmeras vezes. Adoro contar ela. Sempre fico meio emotiva. =P

Se eu for parar pra contabilizar quantas pessoas existem dentro de mim, nem vou saber contar. Mas sei que uma vez junto, fica pra sempre. Certeza que sim. =)

Sinceros agradecimentos a Marcos Brod Jr, que, além de um excelente professor, desempenhou (mesmo que sem saber) papel de psicólogo e de protagonista de um amor platônico que ainda dura.

NOTA: revisar o texto antes de publicar. #FAIL total. heeheh

4 retalhinho(s) costurado(s):

Mari disse...

eu acho, que a princesa, sempre foi tu, viu?! tira o Crepusculo ali, que fica mais princesa ainda....
qual que era meu preconceito com o bairro cruzeiro? ah lembrei euaheuhae

(L)_(L)

Anonymous disse...

Um pequeno retalho nos EUA diz: Voce eh completa... mas cada vez que vc pega uma pequeno pedaco de alguem, deixa um grande pedaco...e eu tenho o meu aki cmg! =o)

SAUDADE

lula disse...

Me fez chorar, Lu =)

Gabriela disse...

lindoooo!!! bah eu não conhecia essa história
...q coisinha eu queria ter tido aula com o Brod =(
=**

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